6 de set. de 2009

Lula e Sarkozy assinam acordo para construir submarino nuclear brasileiro






O presidente francês,Nicolas Sarkozy, chegou hoje no Brasil para acompanhar os festejos da independência, em 7 de setembro, e assinar o acordo que permitirá ao Brasil iniciar o desenvolvimento do primeiro submarino nuclear produzido no país.
A alinaça com os franceses tem como objetivo redirecionar as prioridades das Forças Armadas para os próximos 30 anos; além de reativar a indústria bélica nacional e colocar o Brasil na corrida armamentista da América do Sul – já deflagrada por Venezuela e Colômbia –, a aliança com os franceses, prevista na Estratégia Nacional de Defesa (END).
Para um dos conselheiros do presidente Lula, o Brasil só fez o acordo com os franceses porque o governo do presidente Sarkozy foi o único a aceitar a transferência de tecnologia de fabricação das armas. Considerada uma das apostas mais ambiciosas da Marinha, a estratégia envolve a construção de um estaleiro e uma base naval em Itaguaí, no Rio de Janeiro, onde serão produzidos quatro submarinos convencionais do modelo Scorpène e um submarino nuclear. O acordo de transferência de tecnologia abrange apenas as partes não-nucleares do projeto, o que despertou as críticas de alguns parlamentares no Congresso.
O assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, afirma, no entanto, que a troca de conhecimentos vai ser fundamental para os novos rumos da atividade militar no país. “A questão essencial nessa escolha (dos submarinos franceses) é a troca de tecnologia, que os outros países não fizeram. Não vamos mais às compras, mas vamos co-produzir os nossos armamentos. E isso tem importância para o atual quadro de defesa da América do Sul”, avalia Marco Aurélio.
O plano de defesa começou a ser concebido pelo governo no início de 2008. Além dos submarinos, o acordo também envolve o Projeto H-X BR, que trata da aquisição de 50 helicópteros de médio porte e aeronaves modelo EC 725, a partir de parceria entre a empresa francesa Eurocopter e a brasileira Helibrás. O valor total dos projetos está orçado em cerca de € 6,6 bilhões e deve ser concluído em 2021. O primeiro submarino convencional já deve estar pronto em 2015.
Em reunião com integrantes da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara na quinta-feira (27), Jobim falou dos desafios das Forças Armadas a partir do acordo com a França. Segundo ele, a Marinha vai reforçar sua atuação como a criação de batalhões e a aquisição de aviões, helicópteros e a construção dos submarinos. O ministro defendeu o acordo assinado com a França argumentando que a medida vai fortalecer a proteção das riquezas marítimas brasileiras, principalmente as reservas petrolíferas. “Estamos a caminho de termos uma capacidade dissuasória absolutamente necessária considerando que o Brasil tem riquezas no pré-sal e no solo marinho”, disse Jobim.
O ministro também afirmou que a parceria vai colocar o Brasil no grupo de cinco países que conseguem projetar, construir e operar submarinos de propulsão nuclear: Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China. A diferença entre o Brasil e os países que já fabricam submarinos de propulsão nuclear, segundo o ministro, estará no armamento carregado no submarino brasileiro, que não será nuclear. “O Brasil tem uma proibição constitucional de construir e usar armas nucleares. Os armamentos que utilizaremos no submarino serão convencionais. Nós não vamos utilizar e não vamos produzir armas nucleares”, assegurou Jobim.

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